Tecnologia as custas de vidas humanas

A República Democrática do Congo (RDC) fornece mais de 70% do cobalto mundial, o mineral essencial para fabricação das baterias de íon-lítio usadas em celulares, computadores e automóveis elétricos. Por trás da “transição verde” e das promessas de energia limpa, há milhões de trabalhadores e crianças submetidos a condições análogas à escravidão. Números oficiais estimam mais de 40 mil crianças trabalhando nas minas do sul do país e recebendo no máximo dois dólares por dia, submetidas a túneis que desabam com frequência e nenhum tipo de segurança. O cobalto extraído lá alimenta as cadeias produtivas e o lucro das gigantes capitalistas como Apple, Tesla, Samsung e Sony. Corporações como a suíça Glencore e as chinesas Zijin Mining e Huayou Cobalt lucram com a extração sob cumplicidade da estatal Gécamines e do governo congolês. No leste do país, o grupo armado M23, sustentado por Ruanda hoje, controla minas de Coltan e financia-se por meio de impostos ilegais sobre o minério. Esse comércio é “legalizado” por acordos internacionais, como o assinado em 2024 entre a União Europeia e Ruanda, que permite a lavagem de minerais de guerra em nome da transição energética. A “energia limpa” que vendem nos discursos e eventos como a COP 30 é alimentada por um sistema de exploração e morte. Nenhum selo de sustentabilidade ou acordo diplomático trará justiça climática enquanto o povo congolês não puder controlar suas próprias riquezas e suas crianças não forem livres da exploração. Leia mais em nosso site: Cessar-fogo entre República Democrática do Congo, M23 e Ruanda: frágil como promessa de paz, forte como promessa de lucro para Trump "Na última terça-feira, RDC e M23 assinaram um cessar-fogo, seguindo as negociações de paz negociadas entre RDC e Ruanda em Washington no mês de junho e as negociações iniciadas com o M23 em Doha a partir de julho. Será o fim da matança que já ceifou milhões de vidas na RDC?" esquerda_diario